Recentemente, o Cristianismo (sobretudo pentecostal, o que mais se plorifera) tem sofrido dum decréscimo no interesse pela parte
teórica da vida cristã, a Doutrina do Evangelho.
No período de 1600, os quakers afirmaram a suficiência do
testemunho do Espírito Santo na condução do comportamento e ciência do cristão,
tornando, dessa forma, a Bíblia dispensável.
No entanto, se voltarmos ao que o próprio Espírito Santo
dissera no princípio do Evangelho e da Igreja por meio dos santos apóstolos que foram
autores dos Textos Sagrados do Novo Testamento, constataremos que, já de início, Deus não decidiu ensinar-nos assim, somente pelo Espírito Santo.
O apóstolo Pedro, por exemplo, dissera que a profecia
bíblica não foi produzida finalmente pela vontade dos próprios homens que a
profetizaram, mas que eles profetizaram inspirados pelo Espírito Santo (II Pe
1.21).
O apóstolo Paulo também tratou do tema, ao dizer a Timóteo:
“Tu, permanece no que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o
tens aprendido. Desde a tua meninice conheces as Escrituras, que podem te
ensinar o caminho da Salvação. Toda Escritura divinamente inspirada é
proveitosa para ensinar, redarguir, corrigir, instruir com justiça” (II Tm
3.14-16, parafraseado). Ele também disse, inspirado pelo mesmo Espírito Santo,
que a Doutrina, o Evangelho, “... É o poder de Deus para Salvação de todo
aquele que crê” (Rm 1.16).
Logo, é com desaprovação que vemos esse déficit no
interesse e no estudo das Escrituras Sagradas em nosso meio cristão, na
atualidade.
Muitas igrejas sequer têm mais reuniões em que é ensinado Doutrina, tais como a “Escola Dominical”, por exemplo. E mesmo naquelas onde esse tipo de
reunião se mantém, não é feito com o esmero, dedicação, tempo mister e perícia
adequados a formar aqueles que ali se encontram na posição de aprendizes.
Com efeito, lamentavelmente, o cristão atual típico
desconhece muitíssimos pontos da ampla Doutrina do Evangelho que, conforme
vimos, segundo o Espírito Santo, é capaz de conduzir o interessado à própria Salvação.
Mesmo quanto aos temas básicos da Doutrina do Senhor, o
cristão atual típico apresenta dúvidas fundamentais, para vergonha do bendito nome de “cristão” que carrega. O cristão atual típico por exemplo não tem certeza se, após
a morte, permanece existindo e consciente ou não; se vai para o Céu aguardar a
ressurreição; se o destino final dos santos é o Céu ou a (nova) Terra; se Jesus
exercerá um domínio político sobre o mundo ou permanecerá no domínio meramente
espiritual; o que é, de fato, a ressurreição: se somente o reaver da existência
após a morte ou o voltar a habitar no corpo que morreu; etc..
Uma vez constatada a relevância do interesse do crente no
aprendizado e inteiração da Doutrina cristã e o atual e negativo panorama da cristandade,
que fazer? Que medidas tomar a fim de reverter essa situação tão preocupante na
Igreja que Jesus comprou com o próprio sangue?
Como convencer o cristão atual típico, mormente o mais
humilde e parcamente intelectual de que, embora capaz, o Espírito Santo
não lhe ministrará diretamente as muitíssimas informações que jazem vivas na
Bíblia, porque não é essa a Sua função e que, portanto, precisamos gastar nosso
tempo e energia em ler e aprender das Escrituras a Doutrina que, segundo o Espírito Santo, conforme vimos, pode nos levar
à Salvação Final?
Falando como alguém que já gastou muitos anos na leitura e
estudo bíblicos e que, admitindo conhecer muitíssimo, afirma sinceramente ainda não
saber tudo, posso afirmar que a informação bíblica, a Doutrina do Evangelho não é algo que caiba toda em apenas uma folha de papel.
Logo, o quão longe não estaremos da Salvação se nem em uma
folha de papel podemos preencher algumas poucas de todas as Doutrinas com
absoluta certeza?
É necessário que nós, que estamos conscientes do quão
imprescindível é a Escritura Sagrada, incitemos com instância aqueles que ora
se encontram despercebidos do fato, a fim de, conforme diz Judas, “ver se ao menos podermos
salvar alguns deles”, numa tentativa particular de consertar o atual cenário, no qual
o aprendizado e ensino do bendito Evangelho se encontra tão subestimado.
Mestre F. Farias